quarta-feira, 30 de junho de 2010

Don't go away, just go away

"Como ousa acordar-me de um sonho?", disse a cética mulher provocando, assim, seu fiel companheiro. Ingrata mulher! Como poderia se esquivar tanto daquele que sempre a ouvia, a olhava nos olhos e que só dormia depois que percebesse seu semblante de calmaria e paz? Em troca, ele pedia amor. Não amores de filmes e afins, mas um amor real, duradouro. Um amor que faça sua passagem na Terra valer à pena, que o satisfaça! Ela, não obstante, o usava como um prêmio, como algo na sua estante para mostrar aos que a visitavam. Isso o deixava louco! O que, de fato, tornava aquela convivência cada vez mais insuportável! Em cada crise, ele se vingava destruindo coisas que ela gostava: suas roupas, seus sapatos, aquele sofá novo, caro e inútil e até um belo porta-retrato de vidro que guardava uma foto dos dois. Pura ilusão! Quando foi a última vez que passearam juntos? Que assistiram um bom filme em casa? Ah, como isso o machucava... Apesar de constantemente tentar, não conseguia fazer com que ela abrisse um sorriso sincero, como foi quando se conheceram através daquele vidro na cidade. Ela o levou para a vida, agora o mata aos poucos... Lá estava ele, então, sob seus pés, arrependido por ter latido para acordá-la. Levanta-se e passa por aquele que logo morreria por causa da raiva. Não a doença, mas a raiva de si mesmo, por não ter conquistado aquela linda mulher. "Ó vida, por que tanta crueldade?"

2 comentários:

Ítalo Candido de Oliveira disse...

Parabéns Amanda.

Realmente, infelizmente muitas vezes usamos animais de estimação apenas como um capricho ou uma fonte de diversão.

E depois simplesmente deixamos de lado.

Raul disse...

Gostei do seu blog. Com a foto de Brasília, imaginei os desabáfos de nós, seres urbanos.

Temos muito a dizer.

R.